sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Procrastinação




O que há de comum entre um estudante que continuamente adia para amanhã a execução das tarefas académicas e um trabalhador que evita realizar certas tarefas pelas quais é responsável? A resposta é "procrastinação".
A procrastinação é uma disposição comportamental que leva a adiar e a evitar determinadas tarefas ou certas decisões. Este comportamento de fuga é causado pela existência de outras actividades mais agradáveis e que assumem, aparentemente, maior saliência no imediato.
As pessoas podem procrastinar numa variedade muito grande de situações, desde comprar os presentes de Natal, até telefonar aos amigos ou preencher os formulários dos impostos.
Será que a procrastinação é excesso de prudência?
A procrastinação é um conflito entre o "dever" e o "querer", em que o procrastinado faz aquilo que "quer" fazer, em vez do que "devia" fazer, mesmo sabendo que poderá ter consequências negativas por não ter agido/decidido. Estamos perante um "estilo" pessoal de reacção a situações que provocam stress, que consiste no escape ou fuga às potenciais ameaças.
No entanto, sabemos que há situações que geram maior propensão à procrastinação, porque se apresentam como relativamente ameaçadoras a quase todos. Um exemplo, nas empresas ou na administração pública, são as tarefas pouco atraentes porque são demasiadamente difíceis de resolver ("missões impossíveis") ou, pelo contrário, porque são demasiadamente simples e, portanto, são consideradas maçadoras ou inúteis. De igual modo, a inexistência de um controlo social através das normas relativas à utilização do tempo numa determinada cultura organizacional (ou mesmo nacional) pode encorajar a procrastinação.
A procrastinação tem consequências pessoais, que incluem o arrependimento, a preocupação e mesmo o sentimento de culpa, ao nível psicológico, para além de consequências externas, como o baixo nível de desempenho, maior absentismo e atrasos desnecessários. Tem, naturalmente, consequências para terceiros, em termos de tempo perdido e de ineficiência. Claro que nem tudo é negativo, e em certas profissões, como as criativas, a procrastinação até pode ajudar a que apareçam novas ideias e soluções, mas, em princípio, a procrastinação tem efeitos nefastos nas organizações.
Como ultrapassar este problema individual?
Os economistas Ted O'Donoghue e Mathew Rabin propõem que, ao nível das organizações, haja um sistema de incentivos que seja mais severo para os procrastinados do que para os não procrastinados e incrementar com o tempo.

Paulo Mendes
Executive & Business Coach

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